Trânsito

Motociclistas nos corredores: Pressa que transforma o trânsito em risco

Prática comum nas grandes cidades brasileiras, circular entre carros exige atenção redobrada, respeito às normas de trânsito e consciência coletiva.

Comunicação - 01 de outubro de 2025
GRUPO CRIAR - Criação

Nas avenidas congestionadas das metrópoles brasileiras, é cada vez mais comum ver motociclistas deslizando entre os carros, prática conhecida como “andar no corredor”. Embora seja vista por muitos como uma solução para driblar o trânsito intenso, essa manobra carrega consigo uma série de riscos e controvérsias que merecem atenção.

Segundo dados da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), os motociclistas representam cerca de 54% das vítimas de sinistros fatais no trânsito urbano. A circulação entre faixas, quando feita de forma imprudente, contribui significativamente para esse número. A manobra, apesar de não ser proibida pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), exige cuidados específicos: velocidade reduzida, atenção aos pontos cegos dos veículos e respeito à distância de segurança.

O artigo 192 do CTB estabelece que o condutor deve manter distância lateral e frontal de segurança em relação aos demais veículos. Já o artigo 29, inciso II, permite que veículos de duas rodas transitem entre as faixas de rolamento quando o trânsito estiver parado ou lento, desde que com cautela. Ou seja, o corredor não é ilegal, mas seu uso exige responsabilidade.

Especialistas apontam que o uso do corredor pode ser benéfico se regulamentado e respeitado. Em São Paulo, a Faixa Azul, espaço delimitado para motos entre as faixas 1 e 2 da Avenida 23 de Maio, reduziu em 30% os sinistros com motociclistas no local. A iniciativa inspirou outros municípios a estudarem formas de organizar o fluxo de motos sem comprometer a segurança dos demais usuários da via.

Por outro lado, a imprudência continua sendo um obstáculo. Muitos motociclistas ignoram os limites de velocidade, ultrapassam pela direita, trafegam entre ônibus e caminhões ou realizam manobras bruscas. Em Goiânia, por exemplo, especialistas apontam que a falta de fiscalização e o comportamento arriscado de condutores dificultam a implantação de corredores exclusivos para motos.

Além disso, motoristas de carros e ônibus relatam dificuldades em lidar com a presença constante de motos nos corredores. A falta de visibilidade, o receio de colisões laterais e a imprevisibilidade das manobras geram tensão e aumentam o risco de sinistros. Em campanhas educativas, como a realizada no Dia do Motorista em Recife, condutores de ônibus foram convidados a vivenciar o trânsito sob a perspectiva dos mais vulneráveis, como ciclistas e motociclistas, promovendo empatia e conscientização.

A convivência entre carros, motos, ônibus e pedestres exige mais do que regras: exige cultura de respeito. Motoristas devem sinalizar com antecedência ao trocar de faixa, usar retrovisores com frequência e evitar movimentos bruscos. Motociclistas, por sua vez, precisam entender que a agilidade não pode comprometer a segurança. E as autoridades de trânsito têm o papel de educar, fiscalizar e promover soluções urbanas que protejam os mais frágeis.

A mobilidade urbana do futuro passa por integração, respeito mútuo e infraestrutura adequada. O corredor de motos, quando usado com responsabilidade, pode ser um aliado. Mas sem consciência coletiva, ele se torna mais um vetor de risco nas ruas brasileiras.

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