Trânsito

O Perigo do Uso do Celular ao Volante: Uma Ameaça Constante no Trânsito

O uso do celular ao volante é um dos maiores vilões da segurança no trânsito, contribuindo para milhares de sinistros, lesões e mortes todos os anos.

Comunicação - 04 de dezembro de 2024
GRUPO CRIAR - Criação

Na matéria do Blog Transitar desta semana, abordaremos como o uso do celular ao volante se tornou uma das principais causas de sinistros de trânsito, tanto no Brasil quanto no mundo. Embora o celular seja uma ferramenta indispensável no cotidiano, utilizá-lo enquanto dirige representa um risco enorme para a segurança de motoristas, passageiros e pedestres. A distração causada por mensagens, chamadas ou pela navegação no smartphone pode resultar em consequências devastadoras.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o uso do smartphone ao volante aumenta em 400% o risco de sinistros no trânsito. Essa prática é considerada tão perigosa quanto dirigir após consumir bebidas alcoólicas. Segundo a RAC Foundation, enviar mensagens pelo celular pode retardar o tempo de reação do motorista em 35%, tornando a condução ainda mais arriscada.

No trânsito brasileiro, anualmente, 150 motoristas perdem a vida e 54 mil ficam feridos devido a essa imprudência. Ao digitar uma mensagem de texto enquanto dirige a 80 km/h, é como se o motorista estivesse conduzindo com os olhos vendados por um percurso de até 100 metros. Essa distração é responsável, em média, por 57% dos sinistros de trânsito entre pessoas de 20 a 39 anos. Esses números são alarmantes e reforçam a necessidade urgente de conscientização e medidas rigorosas para combater essa prática mortal.

Em 2023, a Fundación Mapfre, em parceria com a empresa Fresta e instituições acadêmicas como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Técnica da Dinamarca (DTU), conduziu um estudo inédito no Brasil intitulado "Segurança Viária e o Uso de Dispositivos Eletrônicos Portáteis". A pesquisa teve como foco pedestres, ciclistas, motoristas de automóveis e motociclistas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, e revelou dados preocupantes sobre os riscos associados ao uso de celulares ao volante.

Os resultados são alarmantes: motociclistas e motoristas de carros, que costumam atingir velocidades mais altas e, consequentemente, enfrentar riscos maiores, apresentaram as maiores taxas de uso de dispositivos móveis. Durante a pesquisa, foi observado que 57,1% dos motociclistas e 27,1% dos motoristas utilizam seus celulares, mesmo quando parados em semáforos.

Surpreendentemente, 77,8% dos entrevistados admitiram ter usado o celular enquanto se deslocavam ao menos uma vez, com 36,2% utilizando-o frequentemente ou muito frequentemente. Alarmante também é o dado de que 48,6% dos participantes afirmaram sentir necessidade de usar o celular durante o deslocamento.

No Brasil, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) classifica o uso do celular ao volante como uma infração gravíssima, resultando em multa e pontos na carteira de habilitação. Em 2023, a multa por essa infração foi aumentada para R$ 293,47, além da adição de 7 pontos na carteira de habilitação dos infratores. Usar o celular no viva-voz ou com fones de ouvido o motorista comete infração média, com 4 pontos na CNH e multa de R$ 130,16.

Em caso de sinistro causado por distração com o celular, as consequências legais podem ser ainda mais severas, incluindo a possibilidade de prisão, dependendo da gravidade do incidente.

O uso do celular ao volante pode ser comparado a dirigir sob efeito de álcool. Estudos mostram que a distração proporcionada pelo celular afeta a capacidade de reação.

Segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), o celular ao volante é a principal causa de Falta de Atenção ao Conduzir (FAC), sendo determinante para o aumento de sinistros, ao influenciar fatores operacionais, psicológicos e cognitivos do motorista. Assim, trata-se da mesma perda de capacidade daquela causada por 1g/l de álcool no sangue.

Motoristas com falta de atenção causada pelo celular reagem de forma insegura, reduzem a velocidade inesperadamente, têm dificuldade de manter o posicionamento correto do veículo na via e tendem a demorar mais tempo para frear.

A Abramet aponta que após o envio de mensagem de texto, o risco de sinistro de trânsito permanece por até 3 segundos, o que equivale a quase 100 metros que um carro a 100 km/h percorre sob o “efeito pós-chamada”.

O tempo de percepção e a tomada de decisões rápidas, fatores fundamentais para a segurança no trânsito. Por exemplo:

Tempo de reação: Ao enviar uma mensagem ou verificar uma notificação, o motorista tira os olhos da estrada por vários segundos. A cada segundo a mais sem atenção, as chances de ocorrer um sinistro aumentam consideravelmente.

Coordenação motora: A distração também afeta a habilidade do motorista de manter as mãos no volante ou de fazer manobras necessárias para evitar um perigo iminente.

Percepção do ambiente: Quando o motorista se distrai com o celular, ele pode não perceber a sinalização de trânsito, a aproximação de outros veículos ou até mesmo pedestres atravessando a rua.

Nos Estados Unidos, a National Distracted Driving Coalition (NDDC) está empenhada em debater e propor soluções inovadoras para combater a distração ao volante. Entre as medidas sugeridas, destacam-se o uso de inteligência artificial para intensificar as ações de fiscalização e a implementação de aplicativos que bloqueiem o funcionamento de celulares quando o motorista estiver dirigindo. Essas soluções utilizam dados telemáticos, geolocalização e algoritmos avançados para identificar o condutor e garantir uma condução mais segura.

Aplicativos e dispositivos de bloqueio de celular já são utilizados para impedir o uso de certas funções do smartphone enquanto o veículo está em movimento. Algumas montadoras já incorporaram tecnologias que bloqueiam notificações de mensagens durante a condução.

Do ponto de vista econômico, os custos decorrentes dos sinistros relacionados ao uso do celular ao volante são significativos. O Sistema Único de Saúde (SUS) gasta milhões de reais anualmente no atendimento às vítimas desses sinistros. As seguradoras também enfrentam um aumento nos custos das indenizações, refletindo o impacto financeiro dessa prática perigosa.

Algumas medidas podem ser adotadas tanto pelos motoristas quanto pelas autoridades, sendo crucial investir em campanhas educativas sobre os riscos do uso do celular ao volante. A educação no trânsito desempenha um papel fundamental na formação de motoristas conscientes e responsáveis, capacitando-os a tomar decisões seguras e evitar práticas perigosas. Essas campanhas educativas podem alcançar crianças, jovens e adultos, criando uma cultura de segurança desde cedo e reforçando a importância da atenção plena ao dirigir.

O uso do celular ao volante é um dos maiores vilões da segurança no trânsito, contribuindo para milhares de sinistros, lesões e mortes todos os anos. A conscientização é o primeiro passo para evitar que mais vidas sejam perdidas ou alteradas por causa da distração. Ao compreender os riscos e adotar comportamentos mais seguros, podemos fazer do trânsito um lugar mais seguro para todos.

Para conferir esses e outros assuntos relacionados ao trânsito e descobrir como podemos enfrentar esses desafios juntos, não deixe de ler e compartilhar as matérias do Blog Transitar.

Lembre-se: ao dirigir, a sua atenção deve estar completamente voltada para a estrada. O celular pode esperar.