
A imprudência ao volante continua sendo uma das principais causas de sinistros fatais nas estradas brasileiras. Entre as condutas mais perigosas, as ultrapassagens irregulares se destacam como gatilhos recorrentes de tragédias. Apesar das campanhas educativas e da intensificação da fiscalização, muitos condutores ainda ignoram os riscos e insistem em manobras que desafiam a lógica da segurança viária.
Em um país com uma das maiores taxas de mortalidade no trânsito, o comportamento impaciente transforma rodovias em verdadeiros campos de batalha. Durante períodos de maior fluxo, como feriados, o número de ultrapassagens indevidas tende a aumentar significativamente. Em algumas regiões, centenas de motoristas são flagrados em poucos dias realizando manobras proibidas, evidenciando a gravidade do problema.
De acordo com reportagem publicada pelo portal G1, durante períodos de maior movimento nas rodovias, como feriados prolongados, há um aumento expressivo no número de ultrapassagens indevidas. Em Santa Catarina, mais de 700 motoristas foram flagrados cometendo esse tipo de infração em apenas alguns dias, enquanto em São Paulo o número ultrapassou 1.200 em um único fim de semana, evidenciando o impacto da imprudência em momentos de maior fluxo.
Dados recentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelam um aumento preocupante nas ocorrências de ultrapassagens indevidas. No Espírito Santo, por exemplo, foram registradas 7.737 infrações desse tipo em 2024, e só nos primeiros cinco meses de 2025, mais de 2.900 motoristas foram flagrados cometendo essa infração. O resultado? Mais de 100 acidentes, 160 feridos e 22 mortes apenas em 2025.
Na Bahia, a situação também é crítica. Em 2022, ultrapassagens indevidas foram responsáveis por mais de 200 mortes em colisões frontais nas rodovias federais do estado. A PRF alerta que esse tipo de acidente é frequentemente causado por motoristas que forçam a ultrapassagem em locais proibidos, como curvas, aclives e trechos com visibilidade reduzida.
O Código de Trânsito Brasileiro classifica essas infrações conforme o grau de risco envolvido. Ultrapassagens pela direita, pelo acostamento, em curvas ou forçadas entre veículos em sentidos opostos podem gerar multas que variam de R$ 130,16 a R$ 2.934,70, além de pontos na carteira e até suspensão do direito de dirigir. Ultrapassar em locais proibidos, como faixas contínuas, viadutos, túneis ou em fila de veículos, configura infração gravíssima. Mais do que uma questão de punição, trata-se de uma tentativa de conter condutas que resultam em sinistros graves e mortes evitáveis.
Para enfrentar esse desafio, o país tem investido em tecnologia de ponta. Novos radares inteligentes foram instalados em rodovias estratégicas, capazes de detectar com precisão ultrapassagens em locais proibidos. Equipados com sensores de movimento e câmeras de alta resolução, esses dispositivos registram a posição dos veículos em relação à sinalização e enviam os dados diretamente aos sistemas dos órgãos de trânsito. Além de facilitar a aplicação de penalidades, esses equipamentos funcionam como um dissuasor psicológico, levando os motoristas a refletirem antes de realizar manobras arriscadas. A multa para ultrapassagem forçada pode ultrapassar os dois mil reais, acompanhada da suspensão da carteira de habilitação.
A frequência de infrações por ultrapassagem indevida, desde ultrapassar ciclistas sem distância segura até forçar passagem entre veículos, revela um padrão preocupante: a falta de paciência e respeito às normas básicas de convivência no trânsito. Essas infrações não apenas geram penalidades severas, mas também expõem a fragilidade da segurança viária diante de atitudes impulsivas. A reincidência pode dobrar o valor da multa e acelerar o processo de suspensão da CNH.
Nesse contexto, a educação no trânsito se torna um pilar essencial para a transformação da cultura viária. Campanhas educativas, formação contínua de condutores e ações de conscientização são fundamentais para promover comportamentos mais seguros e responsáveis. A educação não apenas informa, mas forma cidadãos mais atentos às consequências de seus atos, contribuindo diretamente para a redução de sinistros e para a preservação de vidas.
Portanto, a solução não está apenas em radares mais modernos ou multas mais altas. Está na formação de uma cultura de respeito, empatia e responsabilidade. Ultrapassar com segurança exige mais do que técnica, exige consciência. Observar a sinalização, respeitar os limites de velocidade e entender que cada manobra tem consequências são atitudes que salvam vidas. A legislação brasileira oferece meios para recorrer de multas, mas o melhor recurso ainda é a prevenção.
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