O uso excessivo de telas, celulares, computadores, tablets e televisores tornou-se parte inseparável da vida moderna. No entanto, essa dependência tecnológica está gerando consequências preocupantes para a saúde ocular, especialmente entre motoristas. Estudos recentes apontam que o aumento de problemas de visão está diretamente relacionado ao tempo prolongado diante de dispositivos digitais, o que pode comprometer a segurança no trânsito e elevar o número de sinistros no Brasil.

A visão é o principal sentido utilizado na direção de veículos. Ela permite ao condutor identificar obstáculos, interpretar sinais de trânsito, perceber pedestres e reagir rapidamente a situações inesperadas. Qualquer deficiência visual, mesmo que leve, pode comprometer essa capacidade e aumentar o risco de sinistros.

Segundo o Instituto de Oftalmologia de Assis, motoristas com problemas de visão têm maior dificuldade em reconhecer placas, avaliar distâncias e reagir a estímulos visuais, especialmente em condições de baixa luminosidade. Isso pode resultar em direção errática, atrasos na tomada de decisão e colisões evitáveis.

Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN), analisados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, revelam que o número de motoristas com restrições visuais na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) aumentou quase 80% nos últimos dez anos, de 14,4 milhões em 2014 para 25,4 milhões em 2024. Essas restrições incluem o uso obrigatório de óculos ou lentes corretivas, limitação para dirigir à noite e casos de visão monocular.

Além do envelhecimento da população, especialistas apontam o uso prolongado de telas como um dos principais fatores para esse crescimento.

Especialistas e órgãos de trânsito têm reforçado o alerta: o uso excessivo de dispositivos digitais pode comprometer gradualmente a saúde ocular. Projeções indicam que, nas próximas duas décadas, cerca de 52% da população mundial poderá apresentar algum grau de deficiência visual. Entre os grupos mais vulneráveis estão os motoristas, especialmente os que hoje são crianças e adolescentes, futuros condutores já expostos desde cedo à luz azul emitida pelas telas.

Entre as doenças oculares mais comuns que afetam a condução estão:

- Miopia: dificuldade de enxergar de longe;

- Hipermetropia: dificuldade de enxergar de perto;

- Astigmatismo: visão desfocada e distorcida;

- Glaucoma: perda da visão periférica;

- Ceratocone: astigmatismo irregular de difícil correção.

A Organização Mundial da Saúde estima que 1,19 milhão de pessoas morrem anualmente em sinistros de trânsito. No Brasil, são mais de 40 mil mortes por ano. A deficiência visual é um fator silencioso que contribui para esse cenário. A falta de diagnóstico precoce, exames oftalmológicos regulares e conscientização sobre os riscos do uso excessivo de telas agravam o problema.

O Instituto de Oftalmologia de Assis (IOA), recomenda que motoristas realizem exames oftalmológicos periódicos, atualizem suas prescrições e troquem os óculos a cada 18 meses. Exames como tonometria, retinografia e campimetria visual são essenciais para detectar doenças como glaucoma e degenerações da retina.

Além disso, o uso de óculos com filtro de luz azul, lentes antirreflexo e proteção solar pode melhorar o conforto visual e reduzir o impacto da luz intensa durante a condução.

O aumento dos problemas de visão entre motoristas é um sinal claro de que a saúde ocular precisa ser tratada como prioridade nas políticas públicas de trânsito. Campanhas educativas, exames obrigatórios mais rigorosos e ações de prevenção são fundamentais para garantir a segurança nas vias. A tecnologia é uma aliada poderosa, mas seu uso indiscriminado pode comprometer vidas.

A saúde ocular no trânsito é só o começo. Quer entender mais sobre como tecnologia, comportamento e políticas públicas impactam a segurança nas vias? Acompanhe o Blog Transitar e mantenha-se informado sobre os principais desafios e soluções para um trânsito mais seguro e consciente.