Trânsito

O caminho da eletrificação de veículos no Brasil

Segundo a ABVE, no mês de julho deste ano, o Brasil alcançou a marca de 100 mil veículos eletrificados em circulação.

Comunicação - 10 de novembro de 2022
GRUPO CRIAR - Criação

Quando se pensa em veículos elétricos, muitas pessoas imaginam que eles foram criados recentemente. Entretanto, não foi bem assim que aconteceu. Os primeiros carros elétricos começaram a aparecer por volta de 1900, mas devido ao fraco desenvolvimento da tecnologia na época, a criação desses automóveis perdeu sua força, o que facilitou o crescimento dos veículos a combustão.

Porém, hoje podemos afirmar que os veículos elétricos voltaram com muita força em todo o mundo, e isso se deve pela acelerada evolução da tecnologia, mesmo que os carros a combustão ainda liderem as vendas pelo mundo.

Para muitos especialistas, esses tipos de automóveis vieram para ficar e, em um futuro próximo, acabarão com o uso de carros a combustão pelo mundo, tendo em vista os inúmeros benefícios que oferecem à sociedade, como:

- menos poluente ao meio ambiente;

- consumo de energia mais eficiente;

- mais silencioso;

- custos de abastecimentos e manutenção econômicos.

Dados recentes da Webmotors, portal de negócios do setor automotivo no Brasil, apresentaram um aumento na busca por veículos eletrificados na plataforma da empresa no primeiro semestre deste ano. Houve um crescimento de 23% nas buscas por modelos elétricos e 12% por híbridos em comparação aos últimos seis meses do ano passado. Para um melhor aprofundamento da evolução da mobilidade elétrica em nosso país, acompanhe as informações a seguir.

Eletrificação de veículos no Brasil

Segundo a Associação Brasileira de Veículo Elétrico (ABVE), no mês de julho deste ano, o Brasil alcançou a marca de 100 mil veículos eletrificados em circulação, desde o início de sua série histórica no ano de 2012.

É um grande avanço para o futuro da mobilidade no país, mas, conforme ressalva a Associação, dentro deste número estão os veículos elétricos que não são considerados totalmente puros (BEVs), como os elétricos a bateria, híbridos plug-in (PHEV), híbridos (HEV) que não podem ser ligados à tomada, pois têm eletricidade gerada pelo motor a combustão, e os híbridos-leve, nos quais o motor elétrico faz papel de gerador para auxiliar a unidade a combustão, mas não traciona rodas.

Justamente por isso, os carros elétricos puros são minorias, pois representam menos de 10% da frota eletrificada brasileira.

Outra análise da ABVE mostra que cerca de 3,4 mil emplacamentos foram feitos em automóveis totalmente elétricos no primeiro semestre deste ano, 19% a mais do que o total de 2021.

Apesar de a Associação reconhecer o esforço do Brasil nesta nova fase automobilística, admite que ainda falta alguns obstáculos a serem vencidos para a eletrificação realmente progredir no país, como os preços desses automóveis e a infraestrutura.

De acordo com um estudo do BCG, a pedido da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), os eletrificados responderão no Brasil cerca de 60% das vendas a partir de 2035, mas isso só será possível por meio da queda dos preços desses veículos, ocasionada pela redução no custo de produção de baterias – conforme apontou a Alvarez & Marsal.

Até 2028, a Consultoria informa que os veículos elétricos custarão o mesmo que os modelos a combustão. Espera-se também que a participação dos BEVs aumente no mercado, representando 3% da frota em 2025 e 9% em 2030.

Uma outra pesquisa da BCG informa que a frota brasileira terá entre 10% e 18% de carros elétricos até 2035. Com cerca de 3,2 milhões de veículos elétricos circulando nas ruas, será necessário ter pelo menos 135 mil postos para atender a esta demanda. O Brasil, atualmente, já conta com 1.300 pontos de recarga de carros elétricos, sendo 445 presentes na cidade de São Paulo.

A Shell prevê instalar 35 eletropostos no país até o final de 2023, bem como a Petrobras que deseja criar 70 pontos de recarga de carros elétricos até o fim do ano que vem - esta última se deve pelo fato de a Resolução 819/2018, da Agência nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autorizar esse tipo de cobrança. Diante disso, empresas e estabelecimentos privados conseguirão lucrar em meio ao avanço da eletrificação automobilística no Brasil.

Como o Brasil está em comparação a outros países?

Assim como o Brasil, o mundo tem se dedicado ao avanço da mobilidade elétrica. Segundo informações da LeasePlan, criadora do Índice de Prontidão para Veículos Elétricos (EV Readliness Index), os países que estão mais preparados até o momento são: Noruega, Holanda, Reino Unido, Áustria, Suécia, Bélgica, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Irlanda, Dinamarca, França, Portugal, Suíça, Grécia, Itália, Hungria, Espanha, Romênia, Eslováquia, República Tcheca e Polônia. Infelizmente, nosso país não se encontra nesta lista. Esta pesquisa leva em consideração os veículos elétricos, estrutura para recarga e custo total.

Conforme refletem vários profissionais da área, a mobilidade elétrica no Brasil está avançando, mesmo que com passos lentos. Para que haja um aceleramento nessa nova tecnologia, é indispensável o investimento em infraestrutura, que supra a recarga e a manutenção desses automóveis, e a diminuição do custo de venda para que toda a população tenha acesso a esse tipo de veículo, que contribui para uma melhor preservação do meio ambiente, além de outros benefícios levantados anteriormente.